O Supremo Tribunal Federal (STF) continua, nesta quarta-feira (10), o julgamento que investiga uma tentativa de golpe de Estado, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um dos principais réus. Atualmente, o placar está em 2×0 pela condenação, com votos já proferidos pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, e pelo ministro Flávio Dino. O próximo a votar será o ministro Luiz Fux.
A análise do processo está programada para se estender até sexta-feira (12). No entanto, existe a possibilidade de um adiamento caso Fux opte por um pedido de vista, ação que lhe permitiria mais tempo para examinar os detalhes do caso. Este cenário é inédito no Brasil, sendo a primeira vez que um ex-presidente enfrenta julgamento por tentativa de ruptura institucional.
Além de Fux, os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que também compõem a Primeira Turma, ainda não votaram e têm a prerrogativa de solicitar mais tempo para avaliação. Se Fux pedir vista, ele teria até 90 dias para estudar o processo, o que suspenderia o julgamento temporariamente.
Mesmo que o pedido de vista prolongue o julgamento, a definição do processo contra Bolsonaro ainda ocorreria em 2025, considerando o prazo máximo de três meses. O julgamento poderia ser retomado na primeira quinzena de dezembro, com os votos de Fux, Cármen Lúcia e Zanin seguindo os já proferidos por Moraes e Dino.
Durante a sessão anterior, na terça-feira (9), houve momentos de tensão no tribunal. Enquanto Moraes apresentava seu voto, Dino interrompeu para fazer uma brincadeira sobre a extensão da leitura, sugerindo que o colega “precisava tomar uma água”. Em resposta, Fux enfatizou o acordo prévio entre os ministros de não interromperem uns aos outros durante os votos. Zanin interveio, observando que a interrupção de Dino havia sido autorizada por Moraes.
Indicando sua postura no julgamento, Fux já sinalizou uma “divergência em relação ao relator”. Ele destacou que retornará às preliminares levantadas pelas defesas em seu momento de fala, sustentando: “Desde o recebimento da denúncia, por uma questão de coerência, eu sempre ressalvei e fui vencido nessas disposições”. Este posicionamento reitera a discordância manifestada por ele em março deste ano.